sábado, 30 de abril de 2011

Poça d'água

Agora visto meu polido escafandro
É de lama, sangue e pó seu polimento
Protegido, mergulho na poça d'água
Que me leva ao outro lado da tormenta

Eu nadei na tempestade a noite toda
Amanheço e ela termina: meu arco-íris
O visor do escafandro embaçado
Sete cores misturadas numa só

Mas nenhum pote-de-ouro me aguarda
Ou alguém o escondeu com muito esmero
Sob as murtas irrigadas pela chuva
Que afloram e o tempo descarregam

Pois então espero nova tempestade
Não conheço o caminho pela terra
Haverá um outro arco-íris no retorno?
Ou será que tudo apenas recomeça?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Este meu claustro

Envolto em negras plumas
Carapaça e minh'alma acomodada
Tomou a forma de meu corpo
Fez-se molde

De mim agora surgem tantas cópias
Acopladas, minhas almas de mãos dadas
E eu alimentando um desengano

Quisera mais um ano ser criança
Rastelo em punho arando minha terra
E planto sementinhas
E plano sobre o ar
Castelos de areia, ninguém ousa derrubar

Mas não é de todo mal
Este meu
Claustro

De dentro uma janela estende o vale todo
Posso guardá-lo na maleta
Levá-lo, abri-lo ao céu
Estendo sobre a mesa o meu sonho de papel

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Festa

terminarei uivando à lua, 
recostado sobre o braço de alguém,
girando em torno de meu próprio eixo ao mesmo tempo em que busco outros corpos,
pontos numa malha infinita, sobre os quais me apoiarei iniciando novas órbitas, 


corpos trapezistas no chão,

começo de algo


é assim que você costuma encerrar seus ciclos??!


não sei se já encerrei algum antes
algum ciclo como esse
os ciclos não são identicamente semelhantes

nem não contíguos
eles até se anulam e giram em órbitas e sentidos conflitantes


é, ciclos giram
não em elipse mas em círculos
mesmo


por que não em elipse?
minha teoria permite qualquer giro
permite até o não-giro
é a essa liberdade que você se referia?