terça-feira, 22 de novembro de 2011

Summer sommaire

Summer sommaire, recortado no auge da crista, quem deitou os ovos de ouro sobre a mesa em que como não deixou uma pista sequer, mas quero, finco os dedos até a gema, afinco que não me falta, olhos que reproduzo, é mesmo o sangue daquele que um dia ousou a gestação? ouso a soma: no centro do ovo meu sommer, recortado no auge da crista, resta some air, da escada de emergência da escola de alemão vejo a avenida Sumaré engarrafada, pista de voo que sofre ainda as cinzas de um vulcão simbólico, me lembra de que ao sul do meu sul há um gelo e ao sul deste gelo há um norte e no oeste deste norte na fronteira da Holanda pouso sobre a pista de gelo, Bolaño que ainda não li, bolovo que preciso terminar para que o Chile deixe de lançar suas cinzas sobre mim e eu encontre a Alemanha que hiberna, o inverno que desconheço e espero, espero-o há décadas, espero-o desde antes de entrar no ovo, espero-o com o bico preparado para quebrar essa casca e voltar, de novo, para o ninho, para o ovo.

Meu voo é discreto, não pressupõe destinos nem caminhos, meu voo é ereto, duas patas cansadas por cima das quais, quando finalmente transpassadas as fronteiras dos tornozelos, entre esteiras rolantes e bagagens que ninguém reclama, cresço varizes que se chamam raízes, horas na fila da alfândega.