domingo, 26 de fevereiro de 2012

lorelei 1938

a história lavada a seco
é por isso que antuérpia me esmaga os dedos
me nega suas manhãs
me esmaga entre os becos
emagrece meu desejo
alfinete no meu peito
pendurando pendurâncias
não fotografe meu barco, não
que língua se falava em antuérpia
todos eram mudos
os lábios costurados
costura de anzol
porto afinal
a história levada a sério
ir embora no melhor da festa
a vida se alimenta de destroços, disse günter grass, ou era a literatura? que me importa
se já é bastante noite
tenho sono o dia todo
e as festas nunca acabam
sair desta é entrar naquela
e não são precisos mais que alguns passos, um desequilíbrio, um reerguer-se de humildade, e se aprende a nova dança
entâo alguém me explica, nesta ordem: o sacrifício de tarkovski, o anticristo de lars von trier e o eterno retorno de deleuze
só notícias muito boas
alguém se despede de mim

macau

mentalizo a disjunção de entregas
atado e vendado e sem
cachecol
levítico entre os trópicos
revezamento de hemisférios
são
órbitas que me integralizam a centros
movediços e levito por lápides e horas e rostos e ruas
facilmente deslizando neste gelo
enfrentar o deslize é
enfeitá-lo de acrobacias