segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Nos pântanos

Nos pântanos em que mergulhei as pontas dos pés minhas unhas caíram, as unhas dos pés, e eu percorri sem unhas os meadows entre os swamps, desenhando círculos de sangue na grama, até que me lembrei de minhas mãos e com os dedos das mãos em garra resolvi buscar minhas unhas perdidas no meio do piche, e também as unhas dos dedos das mãos ficaram presas no piche, e eu tive raiva do pântano e rezei para que surgisse do alto daquela montanha ou a bordo de um bote inflável junto com aquelas ondas uma multidão de descamisados, descamisados não porque tivessem calor, mas porque suas roupas com o calor viraram trapos, e o que sobrou dos trapos se grudou à pele e virou uma segunda pele, cobrindo às vezes um peito, um ombro, uma costela, a multidão dos descamisados ocasionalmente cobertos por um trapo que é a lembrança do que um dia vestiram drenaria para mim os poços e construiria nesta duna um porto que, além de receber outras multidões, agora melhor vestidas, também exportaria o petróleo extraído destes pântanos de piche, pois em minha fantasia, tudo o que é líquido e preto é petróleo, é piche, é coca-cola, é sundae de chocolate amargo, é bile, e com o dinheiro arrecadado compraria novas unhas e as pintaria de preto na manicure, dia-sim, dia-não.